O naufrágio de Paulo na Ilha de Malta – Estudo

O naufrágio de Paulo na Ilha de Malta aconteceu durante a sua quarta viagem missionária, com destino a Roma. Veremos mais detalhes sobre o naufrágio, como o que aconteceu na ilha, a picada da cobra, e quanto tempo durou a estadia.

Ao final, destacaremos as principais lições que podemos tirar dessa história. Espero que o nosso estudo edifique você de alguma forma.

Quando aconteceu?

Há divergências quanto ao ano em que ocorreu o naufrágio. A quarta viagem teria acontecido entre 58 e 62 A.D., segundo apontam alguns estudos. É provável que o naufrágio tenha sido por volta de 60 A.D., conforme o próprio site oficial do turismo em Malta menciona.

Os julgamentos de Paulo

Tudo começou quando prenderam o apóstolo Paulo, sendo acusado pelos judeus de ir contra a lei judaica ao pregar sobre a ressurreição de Jesus. Em Cesareia, ele foi julgado diante do governador Félix (Atos 24).

Depois de dois anos preso, Festo (Atos 25), que havia se tornado o novo governador, também o julgou. Em seguida, Paulo ainda foi ouvido pelo Rei Agripa (Atos 26).

Tanto os governadores quanto o rei não acharam culpa alguma em Paulo. O único motivo de ele ter continuado preso durante esse período foi a política, já que os governantes prezavam pelo bom relacionamento com os judeus, e não queriam desagradá-los.

Os judeus queriam que acontecesse um novo julgamento de Paulo em Jerusalém, pois planejavam matar o apóstolo no percurso (Atos 25:3).

Para que isso não acontecesse, Paulo apelou pelo julgamento junto a César (Atos 25:11), e assim se deu o início da sua quarta viagem missionária, rumo a Roma. Foi no trajeto dessa viagem que aconteceu o naufrágio.

Como Paulo foi parar na Ilha de Malta?

Ainda em Cesareia, Paulo e outros presos foram entregues ao centurião Júlio, e juntos eles embarcaram num navio alexandrino (Alexandria era a principal cidade do Egito antigo) rumo a Ásia Menor (Atos 27:2).

Ao chegarem lá, na cidade de Mira, eles embarcaram em um novo navio, esse, sim, com destino a Itália.

Eles passaram por Cnido, na atual Turquia, e em seguida foram para o sul da Ilha de Creta, na Grécia. Essa foi a última parada do navio antes de eles naufragarem na Ilha de Malta. Veja a rota no mapa abaixo:

O versículo 9 nos dá uma pista de quando a viagem aconteceu. O jejum citado se trata do Yom Kippur, ou Dia da Expiação, uma das datas mais importantes do calendário judaico, onde os judeus se arrependem e confessam os seus pecados. Essa data geralmente se encaixa entre o final de setembro e início de outubro no nosso calendário.

Até aquele momento, eles já haviam passado por dificuldades na navegação, mas nada comparado ao que estava por vir.

A época do ano era desfavorável e eles teriam que navegar em mar aberto durante muito tempo até chegarem a Itália. Isso era algo muito arriscado, tanto que em Atos 27:10 Paulo adverte a tripulação.

Paulo e os homens ficam à deriva

Entretanto, ignorando o conselho de Paulo, eles decidiram seguir viagem rumo a Fenice, porto localizado no oeste de Creta. O plano provavelmente era ficar o mais próximo possível da Itália, e ali passar o inverno antes de seguir para o destino final.

Paulo estava certo. Eles não conseguiram chegar a Fenice devido aos fortes ventos, e acabaram ficando à deriva (Atos 27:15).

Passados muitos dias, um anjo de Deus apareceu a Paulo e o mostrou que ele conseguiria chegar diante de César. O anjo ainda revelou que todos os que estavam com ele no navio desceriam vivos em terra firme.

Na décima quarta noite à deriva, eles estavam sendo levados de um lado para o outro no mar do sul da Itália. Ao lançarem uma sonda nas águas, verificaram que a profundidade era de 36 metros. Mais adiante, lançaram novamente e verificaram a profundidade de 27 metros.

A chegada em Malta

Como estava de noite, os marinheiros ficaram com medo que o navio se chocasse com alguma rocha e eles morressem. Por isso, tramaram descer o barco salva-vidas para escaparem.

Paulo então disse ao centurião romano e aos soldados que era necessário que todos estivessem no navio para que a revelação do anjo se cumprisse, e todos sobrevivessem. Obedecendo às orientações de Paulo, os soldados cortaram a corda do barco para impedir a fuga dos marinheiros.

Antes do amanhecer, eles se alimentaram até ficarem satisfeitos e lançaram o que sobrara ao mar, encerrando-se assim o jejum que já durava 14 dias.

O versículo 27 descreve que haviam 276 pessoas no navio, o que nos dá uma dimensão da embarcação.

É possível que o jejum de 14 dias citado no versículo 33 tenha sido um jejum parcial, provavelmente motivado pela tensão constante na qual se encontravam.

Outra hipótese seria devido ao enjoo provocado pelo agito das ondas. Paulo os encorajou a se alimentarem, pois só assim eles poderiam sobreviver.

Ao amanhecer, o navio encalhou num banco de areia. Os soldados romanos queriam matar os presos, por medo de que eles fugissem, mas o centurião Júlio, desejando poupar a vida de Paulo, impediu que isso acontecesse. Assim, conforme dito pelo apóstolo, todas as 276 pessoas chegaram a salvo na Ilha de Malta.

Onde fica a Ilha de Malta

Para fins de localização geográfica, a distância mais próxima entre a Ilha de Malta e região da Sicília, a “ponta da bota” italiana, é de aproximadamente 81 km.

A Ilha está localizada no Mar Mediterrâneo. Ao seu norte está a Itália, ao sul a Líbia, ao oeste a Tunísia, e ao leste a Grécia. A área total de Malta é de 246 km², cerca de 16% da área de São Paulo capital.

O naufrágio de Paulo na Ilha de Malta

Até então, ninguém fazia a mínima ideia de onde eles haviam chegado. Qual seria o nome daquele lugar?

Somente em terra eles descobriram que aquela ilha se chamava Malta. A Bíblia relata que os habitantes da ilha foram surpreendentemente receptivos com Paulo e com os demais homens. Tanto que armaram uma fogueira para aquecê-los devido ao frio e a chuva que fazia naquela época.

Paulo é picado pela víbora

Para ajudar no abastecimento da fogueira, Paulo resolveu ajuntar gravetos e, enquanto os colocava no fogo, uma víbora apareceu e mordeu a mão do apóstolo.

Naquele momento, os habitantes da ilha pensaram que Paulo morreria, e que aquilo seria uma punição por ele ter escapado da prisão devido ao naufrágio.

Porém, para a surpresa dos nativos, Paulo sacudiu a mão se livrando da cobra e, absolutamente nada de mal lhe aconteceu.

Os nativos até acharam que seria questão de tempo até o apóstolo sentir algum mal e morrer, mas o tempo passou e ele continuou sem sofrer mal algum.

O curioso é que os malteses, que até então só viam desgraça em Paulo, logo passaram a achar que ele fosse um deus.

A cura do pai de Públio

Por conta disso, Públio, o principal homem de Malta, convidou Paulo a se hospedar em sua casa. A estadia durou 3 dias e, durante esse tempo, Paulo orou pelo pai dele, que estava acamado, com febre e disenteria.

O homem foi curado, e isso gerou um grande mover na ilha. Muitas pessoas foram até Paulo em busca de cura. Em Atos 28:9 a palavra fala que muitos foram curados através do apóstolo.

Quanto tempo Paulo ficou na Ilha de Malta?

Paulo e os demais homens ficaram em Malta durante 3 meses, que era o tempo do inverno. Depois desse período, ao início da primavera, eles embarcaram em um novo navio alexandrino (assim como o que naufragou).

Esse navio também havia passado o inverno no local. De lá eles foram para Siracusa, Régio, Poteóli, e finalmente chegaram ao destino final: Roma.

Antes do navio embarcar, os habitantes de Malta foram generosos e providenciaram todos os suprimentos necessários para a próxima viagem. Eles estavam agradecidos por tudo o que havia sido feito durante a estadia de Paulo.

Quem estava junto de Paulo na Ilha de Malta?

Sabemos que na viagem, junto do apóstolo Paulo, estavam Lucas, escritor do livro de Atos, e Júlio, centurião romano incumbido de levar os presos a Roma.

Além deles, os soldados romanos, a tripulação do navio, e os presos. Ao todo estavam a bordo 276 pessoas.

Após chegarem à ilha, ainda são citados os habitantes nativos, que não sabemos quantos eram, e o principal homem, chamado Públio. Também havia o outro navio alexandrino, no qual embarcaram posteriormente para Roma.

Entretanto, não sabemos quem estava nesse segundo navio. A Bíblia apenas relata que ele tinha no emblema os gêmeos Cástor e Pólux, deuses da mitologia grega.

Faz sentido dizer que poderia haver outros visitantes na ilha, mas não passa de mera especulação.

Lições importantes

Fé e liderança

Mesmo com todas as dificuldades que ele estava enfrentando, Paulo confiava em Deus e sabia que em tudo havia um propósito.

Em um certo momento da viagem, todos já estavam desanimados, à deriva no mar por muitos dias e esperando a morte. Paulo os reanima, dizendo que todos deveriam se alimentar, pois precisariam de energia para o restante do percurso.

Isso nos encoraja a ter fé de que tudo está nas mãos de Deus. Que a sua vontade é boa, perfeita e agradável, e que em certos momentos precisamos nos posicionar.

Talvez num casamento sem esperanças, talvez num desemprego, ou talvez numa enfermidade. Se faltar esperança em quem estiver ao nosso lado, devemos reanimá-los.

O Senhor está no controle e ele fará o melhor se confiarmos e crermos. Quando picado pela víbora, o apóstolo não demonstrou nenhum abatimento. Ele reagiu como se não fosse nada. Afinal, ele sabia que não ia morrer naquele momento.

Paulo confiava na promessa do Senhor de que ele chegaria até César.

“Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” Filipenses 1:21. Se morresse, ele estaria em paz, conforme foi escrito mais tarde aos Filipenses.

Houve salvação de vidas em Malta

Deus tinha o propósito de salvar vidas não só fisicamente no naufrágio. Ele queria salvar almas naquela ilha. A palavra relata que houve cura de muitos, incluindo o pai do principal homem da ilha.

Além disso, na saída de Paulo, os nativos de Malta fizeram questão de providenciar todos os suprimentos necessários. Isso nos indica o quão impactante foi o que aconteceu ali na vida deles.

Hoje Malta é um dos países com maior densidade cristã na Europa. Segundo o Censo Oficial de Malta, feito em 2021, cerca de 88,5% da população se considera cristã. Só para comparação, atualmente, apenas 46,2% da população da Inglaterra é cristã.